DO INTERIOR AO MERCADO DE CAPITAIS: A TRAJETÓRIA DE JÉSSICA CANTELE NO RI - MZ Group
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A especialista de RI da Fras-le compartilha sua jornada e os aprendizados que moldaram sua carreira

A MZ, com apoio do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), apresentou em 10 de março, às 12h, mais um episódio do IR Talks, o primeiro talk show do mercado de capitais. No programa, Cássio Rufino, CFO & COO da MZ, recebeu Jéssica Cantele para mais uma conversa enriquecedora. 

Jéssica é uma profissional em grande ascensão no mercado de Relações com Investidores. Especialista de RI na Fras-le, uma das principais empresas do setor de autopeças e controle de mobilidade, ela desempenha um papel fundamental na conexão entre a companhia e seus investidores, garantindo que a mensagem da companhia seja transmitida de forma clara e transparente. 

Sua trajetória até aqui foi marcada por desafios e uma busca constante por crescimento. Natural do interior de Caxias do Sul, Jéssica cresceu em uma família de agricultores e desde muito cedo demonstrou o desejo de explorar novos caminhos. “Eu venho de uma família que mora no interior de Caxias do Sul. Meus pais são agricultores, eles não tiveram muitas oportunidades da vida, vamos assim dizer, né? Estudaram relativamente pouco e sempre incentivaram os filhos a estudar”, contou. Apesar da vida simples na roça, ela sempre teve um fascínio pela cidade e sabia que, para conquistar mais oportunidades, precisaria sair de casa. “Eu sempre gostei muito da cidade, eu tinha que viajar todos os dias cerca de uma hora para poder estudar, porque não tinha escola perto onde meus pais viviam”, relembrou.

Determinada a construir um futuro diferente, Jéssica se mudou para São Paulo ainda jovem, enfrentando a realidade de viver longe da família e aprendendo a se virar sozinha. “Minha vida profissional começou muito cedo. Desde que eu saí da casa dos meus pais, já comecei a trabalhar”, contou. Desde o início, buscou capacitação e se dedicou a cursos que pudessem abrir portas para ela. “Eu fiz o curso de informática, digitação e contabilidade. Um ano depois, quando saí da casa dos meus pais, eu encontrei uma prima minha que trabalhava num escritório de contabilidade, e foi aí que a minha carreira começou a ser direcionada aos números”, explicou.

A experiência inicial foi fundamental para que Jéssica encontrasse seu caminho. “Eu sou formada em ciências contábeis, e foi daí que a minha paixão pelos números iniciou. Eu trabalhei por cinco anos nesse escritório de contabilidade, que foi uma escola para mim”, relembra. Depois, veio a indústria, um período de aprendizado ainda mais intenso. Durante essa fase, morou fora do Brasil, expandindo seus horizontes e se preparando para desafios ainda maiores. “Voltei querendo usar os idiomas na minha profissão e acabei caindo na Fras-le”, disse, contando como a sua entrada na empresa a levou a se aprofundar na controladoria antes de migrar para RI.

A transição para RI não foi planejada, mas veio a partir de um conjunto de fatores e incentivos internos. “Eu já fui convidada algumas vezes para trabalhar na área comercial pela questão de comunicação. Quando apareceu a oportunidade de RI, eu nem olhei para a vaga, mas me falaram: ‘Olha, tem essa vaga aberta, acho que se encaixa perfeitamente com você’. Eu disse: ‘Será? Vou dar uma olhada’. E foi aí que eu comecei a explorar essa área”, compartilhou.

Ao assumir a função, percebeu que precisava ir além do conhecimento técnico e mergulhar de cabeça na comunicação. “Quando entrei em RI, eu sabia 50% do que era necessário. Mas a função exigia muito mais do que a parte técnica, pois precisava também me comunicar e conectar com as pessoas de forma eficaz”, afirmou, refletindo sobre a transformação que a carreira exigiu.

Jéssica detalhou que, no papel de RI, é preciso ir além dos números. “A comunicação é a alma do trabalho em RI. Você precisa ser transparente e conseguir se conectar com diferentes públicos. Cada reunião exige uma abordagem única. Mesmo quando o cenário não é positivo, nossa responsabilidade é comunicar isso de maneira honesta e segura”, disse, destacando a importância da comunicação transparente, especialmente quando se trata de desafios financeiros ou operacionais.

Sobre a transição de uma comunicação interna, em controladoria, para uma comunicação externa, em RI, Jéssica revelou que o principal desafio foi aprender a se comunicar com diferentes tipos de público. “A comunicação em Controladoria é mais interna. Em RI, é uma comunicação externa, com investidores, analistas, com a imprensa, com o mercado”, explicou, lembrando que foi necessário se adaptar a essa nova dinâmica de interação.

Jéssica também falou sobre o equilíbrio necessário para garantir uma comunicação eficaz, especialmente com a comunicação global. “A flexibilidade é fundamental, especialmente quando lidamos com investidores de diferentes regiões e perfis. O que muda é a forma como você adapta a mensagem, sempre respeitando as particularidades de quem está recebendo”, afirmou, enfatizando a importância de adaptar a abordagem, mas sem perder a essência do que precisa ser comunicado.

A maternidade também foi um ponto importante na vida de Jéssica, que compartilhou como a experiência pessoal a ajudou a ser mais resiliente e paciente. “Ser mãe me ensinou muitas coisas, como resiliência e paciência. Essas habilidades eu levo tanto para a vida pessoal quanto profissional”, comentou, destacando a importância de equilibrar os diferentes papéis que ela desempenha, tanto na sua carreira quanto na sua vida familiar.

Ao refletir sobre sua carreira e as lições que aprendeu, Jéssica deixou claro que, para ela, RI é uma área que exige muito mais do que uma compreensão dos números. “Não é só sobre números, é sobre contar uma história, é sobre criar confiança e ser verdadeiro com todos os envolvidos”, concluiu.

Ela finalizou com um conselho importante para profissionais que atuam ou querem atuar em RI: “Seja transparente, seja autêntico e tenha confiança no que você está comunicando. A honestidade é o que vai construir relações duradouras com os investidores.”

O episódio ainda contou com muitas outros temas importantes para o universo de relações com investidores.