Macroeconomia é um assunto de muita importância na vida de qualquer RI. Todo investimento, seja em empresas, produtos do governo ou ativos digitais, tem sua performance influenciada diariamente por questões macroeconômicas, tais como inflação, juros, política monetária, taxas de desemprego e índice de preços.
Ou seja, é um assunto super relevante e o BTG Pactual realiza todo ano um evento chamado Macro Day, um evento online inteiramente dedicado à macroeconomia, que conta com a presença de nomes ilustres, incluindo ministros e economistas, que se reúnem para discutir temas relacionados ao cenário econômico-político nacional.
O de 2023 aconteceu agora em novembro, com a abertura sendo realizada pelo do CEO do BTG, Roberto Sallouti, e o primeiro painel foi sobre o Cenário Político e Econômico Brasileiro, com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a moderação de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG.
Cenário Político e Econômico Brasileiro – Fernando Haddad
O Ministro Fernando Haddad ressaltou a importância de uma avaliação minuciosa das exceções fiscais no primeiro ano do mandato presidencial, com o objetivo de determinar sua viabilidade e, se necessário, reduzi-las. Essa iniciativa visa à construção de um sistema tributário mais alinhado com as práticas adotadas em economias desenvolvidas. Haddad destacou a necessidade de promover justiça, progressividade e transparência no sistema tributário, baseando-se nas melhores práticas globais. Além disso, enfatizou a necessidade de estabelecer previsibilidade e regras claras no sistema tributário, para permitir que contribuintes e gestores públicos possam planejar de maneira eficaz, evitando a atual incerteza que resulta em estratégias de arrecadação e gastos desordenados.
O Ministro Haddad enfatizou que a falta de previsibilidade no sistema tributário afeta diretamente variáveis macroeconômicas, como taxas de juros, câmbio e inflação. Essa instabilidade prejudica, ainda, a produtividade, uma vez que a competição não se baseia na eficiência da produção, mas em fatores externos. Isso acaba comprometendo o desenvolvimento tecnológico e o potencial da força de trabalho do país. Haddad ressaltou a importância de alinhar o sistema tributário brasileiro com as demandas e desafios da economia global, destacando a oportunidade do Brasil se posicionar como um exportador de energia limpa e produtos verdes, impulsionado pela reforma tributária.
Além disso, o Ministro argumentou que o Brasil deve se consolidar como uma plataforma de produção, tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo. Ele sublinhou que a reforma tributária deverá eliminar permanentemente a tributação sobre as exportações, eliminando a necessidade de reaver créditos fiscais.
Ao abordar a questão da inflação, Haddad começou por ressaltar que a inflação do ano anterior havia sido artificialmente mantida baixa devido a desonerações de combustíveis e ações legislativas estaduais complementares. Na realidade, a inflação estava acima de 10%. O Ministro enfatizou que o governo está empenhado em reduzir a inflação de forma sustentável, confiando em um ciclo de cortes que ele acredita que continuará. Ele também mencionou desafios de curto prazo, incluindo as influências externas nas taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, expressou otimismo com relação aos indicadores recentes que sugerem um futuro mais promissor. Ele observou que o Brasil possui uma situação de dívida pública mais controlada em comparação com muitos países em desenvolvimento e possui reservas suficientes para enfrentar turbulências econômicas.
Quando questionado sobre melhorias na educação, o Ministro abordou os avanços na área, incluindo a expansão do acesso à creche, a melhoria da qualidade do ensino fundamental e o aumento do acesso à universidade por meio de programas como o Prouni e o Fies. No entanto, Haddad ressaltou que o ensino médio continua sendo um grande desafio não resolvido na educação brasileira, enfatizando sua importância como um componente fundamental da qualidade do sistema educacional. Ele argumentou que é essencial transformar o ensino médio em um instrumento de emancipação individual para os jovens, em vez de vê-lo apenas como um requisito para a universidade ou o mercado de trabalho. Haddad destacou que, em outros países, o ensino médio desempenha um papel estratégico no desenvolvimento dos jovens.
No contexto das questões fiscais e econômicas, o Ministro enfatizou a importância de considerar o impacto financeiro das decisões políticas. Ele argumentou que, por vezes, as preocupações acerca de aumentos de impostos podem ser compensadas pelos altos custos de juros associados à dívida pública. Haddad também destacou a necessidade de ponderar a justiça e a importância das decisões fiscais, mencionando programas sociais como o Bolsa Família, o piso salarial nacional para enfermagem e o Fundeb. Ele observou que essas políticas foram implementadas sem fontes de financiamento sustentáveis, o que poderia tornar as despesas insustentáveis no longo prazo.
O Ministro argumentou que, para consolidar essas conquistas e garantir a sustentabilidade fiscal, é fundamental corrigir as distorções e criar um marco fiscal que equilibre receitas e despesas. Além disso, ele ressaltou a importância de envolver os três poderes na busca por resultados fiscais positivos e tornar a gestão pública mais transparente. Haddad também mencionou avanços na agenda microeconômica, como o marco de garantias, projetos de lei sobre debêntures e direitos dos acionistas minoritários, bem como a importância de melhorar o marco regulatório no setor de seguros para impulsionar o crescimento econômico
Várias participações e discussões importantes
O evento ainda abordou a agenda política de 2024 para o Senado Federal, com Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado, e para a Câmara dos Deputados, com o presidente Arthur Lira, além de contar com o Ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do Supremo Tribunal Federal, discursando sobre os desafios do STF.
Júlio Piza, Chairmam da Kepler Weber, Rafael Abud, CEO da FS Bio e a senadora Tereza Cristina conversaram sobre a importância estratégica do agronegócio no Brasil enquanto representantes das gestoras Itaú Asset, Dahlia Capital, Ibiúna Investimentos e BTG Pactual Asset Management passaram suas visões em relação ao outlook de 2024.
Os governadores Cláudio Castro, Governador do Estado do Rio de Janeiro, Tarcísio de Freitas, Governador do Estado de São Paulo, Renato Casagrande, Governador do Estado do Espírito Santo, Helder Barbalho, Governador do Estado do Pará discutiram sobre o que esperar em 2024 de suas gestões estaduais.
Cenário Macroeconômico – André Esteves
André Esteves, Chairman e Sócio Sênior do BTG Pactual, concluiu o evento com uma análise perspicaz e otimista dos desafios e oportunidades que envolvem a economia brasileira. Sua apresentação destacou aspectos cruciais que vão desde a imprescindível estabilidade fiscal até as nuances das taxas de juros globais e suas implicações para o Brasil.
Esteves ressaltou a importância de manter a disciplina fiscal e de avançar com reformas estruturais, um consenso que transcende diferenças partidárias entre governadores de estados diversos. Essa união de esforços reflete a compreensão de que o controle dos gastos públicos, a eficiência na administração estatal e a promoção de um ambiente favorável a investimentos são vitais para o crescimento sustentável.
No que se refere às mudanças nas taxas de juros globais, notadamente lideradas pelos Estados Unidos, Esteves esmiuçou a intrincada rede que é o mercado financeiro internacional. Sua análise enfatizou que, graças à estabilização da inflação e à abordagem cautelosa do Federal Reserve, o Brasil não enfrenta perspectivas imediatas de abruptos aumentos nas taxas de juros. Uma notícia extremamente positiva para a economia nacional.
A explanação de Esteves sobre como as taxas de juros de longo prazo afetam empresas e consumidores iluminou a complexidade do cenário econômico atual. Ele argumentou que a garantia de que uma recessão nos Estados Unidos não está à vista oferece alívio aos investidores e empresas, permitindo um planejamento estratégico mais seguro. Mais ainda, ele aprofundou-se nos fatores que influenciam as taxas de juros de longo prazo nos EUA, tais como o alto déficit em relação ao PIB, as estratégias do Tesouro americano e as ações de redução do balanço do Federal Reserve. Essa análise contribuiu significativamente para uma compreensão mais robusta das complexas engrenagens do mercado financeiro global. Vale destacar que, mesmo diante das expectativas de quedas nas taxas, Esteves sugeriu que a curva de juros de longo prazo pode manter-se relativamente estável, uma informação crucial para investidores e empresas que buscam estabilidade e planejamento.
O otimismo de Esteves quanto à perspectiva internacional sobre o Brasil foi um ponto luminoso em sua apresentação. Ele argumentou que a visão positiva do país está intrinsecamente ligada às reformas políticas e econômicas em andamento, bem como à robustez do mercado consumidor brasileiro, visto como atrativo para investidores de longo prazo. A relação entre as taxas de juros nos EUA e no Brasil também foi analisada minuciosamente, fornecendo percepções valiosas sobre o impacto no mercado cambial brasileiro. Esteves destacou o diferencial de taxas como um fator determinante e expressou seu otimismo em relação ao Brasil nos próximos seis meses, indicando uma vantagem temporária em termos de taxas de juros.
Ademais, Esteves conduziu uma análise detalhada de eventos geopolíticos recentes, enfatizando a complexidade das relações internacionais e suas implicações na economia global. Ele argumentou que, apesar das tensões mundiais, não se vislumbram agravamentos substanciais, proporcionando um cenário favorável ao desenvolvimento econômico. Também salientou a importância da interconexão econômica entre nações como um fator estabilizador, especialmente no atual panorama de mudanças.
Em resumo, a apresentação de André Esteves ofereceu uma visão minuciosa e otimista do cenário macroeconômico, abordando desde a vital estabilidade fiscal até os intricados meandros das taxas de juros globais e seus reflexos nas perspectivas do Brasil. Suas análises quanto à economia global e aos eventos geopolíticos contribuíram para um quadro completo da posição brasileira no contexto internacional. Isso demonstra uma visão encorajadora de que o Brasil está bem preparado para enfrentar desafios e capitalizar oportunidades, consolidando seu papel na economia global.
Conclusão
É um evento bem bacana promovido pelo BTG e que fica disponível no YouTube para quem quiser acessar. Na MZ, além de empoderar o profissional de RI, estamos comprometidos em apoiar e promover a educação financeira. Acreditamos que, ao investir na educação financeira, podemos ajudar a construir um mercado mais justo, eficiente e responsável, onde todos os investidores tenham as ferramentas e o conhecimento necessário para prosperar.