Embora considerada uma área recente, as raízes das Relações com Investidores (RI) nos levam à década de 1950, quando executivos norte-americanos passaram a comunicar, junto ao mercado de capitais, o desempenho de suas companhias.

Já no Brasil, esses profissionais surgiram entre as décadas de 1970 e 1980, como forma de integrar outras atividades primárias. Mas, foi apenas em 1997, com a fundação do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), que a área ganhou impulso, se consolidando como um campo próprio de atuação, além de, atualmente, estar entre as exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulamentador do mercado financeiro brasileiro.

Desde então, as Relações com Investidores têm desempenhado papel fundamental dentro das organizações, sendo ponto central para tomada de decisões e desempenho da companhia dentro do mercado de capitais.

Para o que servem as Relações com Investidores?

Criada a partir da necessidade de estabelecer uma comunicação eficiente entre empresa e mercado de capitais, as Relações com Investidores (RI) nasceram do conjunto de técnicas, práticas, métodos e atividades de planejamento estratégico, que tem como propósito fornecer informações claras e precisas sobre a empresa, suas atividades, desempenho financeiro, amplificar a credibilidade da companhia, despertar confiança em seus stakeholders e criar estratégias de negócios para tomadas de boas decisões

Entre os principais objetivos, temos a construção de relacionamentos, garantindo a interação com investidores, organizando eventos e encontros. A comunicação de informações financeiras, apresentando resultados concisamente e o gerenciamento de expectativas, que trazem impactos positivos e fortalecem a reputação.

A evolução da área de RI acompanha a necessidade das companhias de encontrarem alternativas de financiamento, desempenhando papel fundamental na construção de um mercado de capitais cada vez mais fortalecido.

Importância das Relações com Investidores no contexto atual

As Relações com Investidores (RI) desempenham papel fundamental para empresas de capital aberto e outras entidades que dependem de investidores para financiamento e crescimento. Por isso, é essencial que se entenda a importância da área dentro das organizações e toda sua estruturação:

• Acesso a capital: Cultivar um bom relacionamento com investidores pode facilitar o acesso a novos financiamentos e, com isso, ajudar a expandir os negócios. Investidores satisfeitos, bem informados e confiantes, podem estar mais dispostos a reinvestir e indicar outros investidores interessados. O acesso a capital pode alavancar ações e gerar impacto positivo dentro da companhia.
• Transparência e Comunicação: As RI atuam como porta-voz da companhia com o mercado e com a imprensa, divulgando informações precisas sobre planos, resultados, desempenhos financeiros, perspectivas futuras, percepções sobre os negócios, riscos e oportunidades, o que assegura que a empresa mantenha uma comunicação efetiva e transparente. A transparência nas informações ajudam a manter a confiança dos investidores e a estabilidade do mercado.
• Gestão de crises: As companhias devem estar preparadas para lidar com possíveis crises que possam surgir, como vazamento de informações privilegiadas, questões judiciais ou divulgação de dados incorretos. Nesses casos, a eficácia das RI seguindo a instrução CVM 358/02 pode ser fator crucial para gerenciar a comunicação com o mercado e minimizar os possíveis impactos negativos e não levar a perda de valor no mercado.
• Valorização das ações: A valorização das ações está associada às expectativas em relação ao futuro da empresa. Uma boa gestão RI pode influenciar de forma positiva a percepção dos investidores e do mercado sobre a companhia, potencialmente.
• Feedback Estratégico: As interações com investidores, acionistas, analistas financeiros e o mercado em geral traz à empresa insights valiosos que ajudam a construir planos estratégicos e operacionais para melhor atender as demandas do mercado. A função das Relações com Investidores, é facilitar essas interações e reunir os feedbacks e traçar os processos necessários para tomada de decisões informadas pela diretoria.
• Cumprimentos Regulatórios: As RI asseguram que a companhia esteja em conformidade com as exigências de governança corporativa e dos órgão regulamentadores, evitando possíveis penalidades por não cumprimento e mantendo a credibilidade no mercado.

Benefícios das Relações com Investidores para a companhia

Após entender a importância das Relações com Investidores, nos deparamos com o seguinte questionamento: o que isso trará de benefício para a companhia?

• Fortalecimento da imagem corporativa: Ter uma boa reputação corporativa é ponto essencial para qualquer empresa que deseja manter a competitividade. Uma boa estratégia de RI contribui para a construção e manutenção de uma reputação sólida, baseada em honestidade e responsabilidade, o que fortalece a imagem e auxilia na longevidade e sucesso da organização.
• Responsabilidade e foco nos resultados: As Relações com Investidores incentiva e faz com que a companhia seja mais responsável e focada nos resultados frente aos investidores que exigem, cada vez mais, transparência no retorno de seus investimentos.
• Compliance e Governança Corporativa: A RI estimula a adoção de práticas de governança corporativa mais sólidas, adotando padrões melhores e aumentando a confiança e a credibilidade entre os públicos estratégicos.

Relações com Investidores como porta-voz da companhia

As Relações com Investidores são peça chave para a construção de uma boa comunicação com a comunidade financeira (analistas, investidores, órgãos reguladores, acionistas e imprensa especializada), e vem se tornando cada vez mais importante para criar, consolidar e manter a reputação da companhia.

Todas as informações passadas pelas Relações com Investidores podem influenciar de forma direta no preço das ações de uma empresa, por isso, todos os comunicados, divulgações e apresentações precisam conter dados precisos e confiáveis.

Desta forma, o RI precisa de conhecimento sólido do momento atual da organização, além de estar sempre conectado a áreas que lidam com informações importantes, como administrativas, financeiras, operacionais e de comunicação corporativa, para poder, de forma objetiva, identificar demandas e indicar os caminhos possíveis como um porta-voz eficiente.

Relações com Investidores na inserção internacional

O cenário global dos mercados de capitais está em constante mutação, impulsionado, em grande parte, pela crescente conscientização das empresas sobre as novas realidades do mercado.

O RI é o principal responsável pela reputação da empresa, por isso, cabe a eles atuar como principal embaixador da companhia e do país, estimulando os investidores estrangeiros a conhecerem e criarem interesse na economia brasileira e, consequentemente, na organização em que atua.

É função também das Relações com Investidores destacar a evolução do ambiente regulatório nacional, princípios de sustentabilidade, governança, transparência e responsabilidade corporativa.

Conclusão: Impacto das Relações com Investidores

A RI é a voz do mercado dentro da empresa, e a voz da empresa dentro do mercado. A evolução das atividades trouxe o desenvolvimento de uma série de ferramentas diferenciadas de comunicação financeira.

No contexto atual, a Relação com Investidores é componente estratégico vital para determinar o sucesso da companhia a longo prazo. Através da promoção de uma comunicação transparente e contínua, as RI fortalecem a confiança dos investidores, atraem e retêm capital crucial, e contribuem significativamente para a valorização da empresa no mercado.

Além disso, a capacidade de gerenciar crises de maneira eficaz e de garantir a conformidade com as regulamentações fortalece a resiliência da empresa em tempos adversos. A obtenção de feedback constante do mercado permite à administração ajustar suas estratégias de maneira ágil e informada, alinhando-se às expectativas dos investidores e às dinâmicas de mercado.

Portanto, uma gestão robusta das Relações com Investidores é indispensável para a criação de valor sustentável, posicionando a empresa de maneira competitiva e destacada no cenário do mercado de investimentos global.